As teorias formuladas sob o termo-guarda-chuva "Semântica Cognitiva" são algumas das mais estimulantes em LC. Basicamente, a Gramática Cognitiva de Langacker parte dos pressupostos daquela área para a construção dos seus modelos de análise.
Como dito antes, este post será apenas uma rápida apresentação das principais teorias e seus princípios-guia, para depois tratarmos de cada teoria separadamente e com mais calma.
Nas palavras de Evans, Bergen e Zinken (2007), a Semântica Cognitiva possui quatro princípios-guia, quais sejam:
(i) A estrutura conceptual é corporificada (a Tese da Cognição Corporificada)
(ii) A estrutura semântica é estrutura conceptual;
(iii) A representação do sentido (meaning) é enciclopédica e não dicionária;
(iv) A construção do sentido é conceptualização.
Tentando resumir em um rápido parágrafo, esses quatro princípios-guia encaram a construção do sentido, em termos linguísticos, a partir de operações cognitivas mais gerais, a conceptualização. Com isso, tomar esses quatro princípios-guia em um estudo sobre a linguagem humana é praticamente aproximar as estruturas linguísticas das estruturas conceptuais mais gerais. O primeiro princípio tem a ver com a hipótese da corporeidade, segundo a qual a nossa base corpórea é que serve como ponto de partida para o processo de conceptualização. O segundo princípio tem a ver com a afirmação de que o conhecimento linguístico não é objetivista, e sim, representacional. Já o terceiro princípio, dizer que a representação do sentido é enciclopédica, é dizer que as unidades linguísticas não "contém" significados, e sim, são pontos de acesso para o processo de construção do sentido. Em um rápido exemplo, ao ouvirmos alguém pronunciando a palavra "praia", não iremos pensar em uma entidade única e bem delimitada, mas também em todos os outros elementos que constituem nosso conhecimento, enciclopédico, sobre o que entendemos ser uma "praia".
Tudo isso do parágrafo anterior vem a contribuir para o entendimento do que é dizer "construção do sentido é conceptualização".
Dentre as teorias elaboradas em Semântica Cognitiva, temos:
A Teoria dos Esquemas Imagéticos (image schema), primeiramente proposta em Johnson (1987);
A dos Modelos Cognitivos Idealizados (Idealized Cognitive Models-ICMs), apresentada em Lakoff (1987);
A Teoria das Metáforas Conceptuais e Metonímias Conceptuais, apresentada primeiramente em Lakoff e Johnson (1980);
A dos Espaços Mentais (Mental Spaces), apresentado em Fauconnier (1985);
A Teoria da Integração Conceptual (Conceptual Blending), proposta por Fauconnier e Turner (2002).
Há muitas outras teorias que mesmo que não levem categoricamente a rubrica de "teoria da semântica cognitiva" estão intrinsecamente relacionadas a ela, como a Teoria dos Domínios, a Semântica de Frames, de Fillmore, a Teoria dos Protótipos, a Teoria da Relevância, e os estudos de Semântica do Espaço.
Seria uma tarefa dura e bem chata para quem for ler falar de cada uma dessas teorias, mesmo que em linhas gerais. Por isso, melhor deixar para outros posts. Fica aqui só um gostinho do pequeno drama que é lidar com todo o universo da Semântica Cognitiva... Algo que para mim é mais estimulante ainda.